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Uma das histórias mais estranha, absurda, interessante, assustadora e
inacreditável, que se conta neste planeta, que poderia ser
arrebatadoramente verdadeira, mas que não podemos acreditar na narrativa
dos heróicos do nobre rei, nem dos membros da corte, nem nas lendas de
escritores famosos e celebridades diversas da época, nem nas escritas
invisíveis de suas lápides. Sem nenhum registro arqueológico de ruína
das cidades e vilas, sem deixar qualquer marca da existência do dilúvio
universal. Porque os desejos dos falecidos ficaram escritos, somente no
lodaçal imenso do processo de decomposição das carcaças dos seres
humanos, e dos animais que serviram de alimentos para as hienas, urubus e
os abutres dos mitos e das lendas. E jamais nas placas de mármore e de
metal, colocadas sobre os túmulos e mausoléus, nos campos, povoações,
várzeas, vales, montanhas e nos cemitérios de todos os tempos. Para
simplesmente fazer acreditar com o único fim de homenagear os mortos
sepultados pelo grande Dilúvio da Bíblia, com a história contada em
Gênesis. Dilúvio que de tão assustador, cobriu até o pico do Everest, a
mais de oito mil metros de altitude. Se não fora mais assustador, que
exterminar crianças que não elevavam qualquer maldade humana. Só porque o
Criador, num ato abominável de ódio, ira e amargura, todo poderoso,
numa fúria jamais assinalada por qualquer criatura humana, fez despencar
do céu, o dilúvio sobre a Terra. Para varrer do mundo os famigerados
malditos? Se tudo não fosse mito e lenda, colibri, faisão dourado,
ave-do-paraíso, arara azul e flamingo, teriam desaparecido da face da
terra. É difícil acreditar que uma criança tivesse qualquer maldade
humana. Qual foi a crueldade praticada pelos dizimados no dilúvio, que
Deus fez desabar sobre a Terra? Com chuva caindo do céu, por quarenta
dias e quarenta noites? Que se não resistiu às tentações, não pode negar
o caráter genocida de assassino da humanidade. Que poderia ter ficado
no obsoleto inimaginável, se o dilúvio não fosse narrado como lenda
aberrante, bizarra, cruel, terrível, desumana. Fantasioso de assunto tão
cheio de mistério. E Noé seria a única pessoa justa na terra, para ser
escolhida, como diz a Bíblia, para extirpar o resto da humanidade, por
causa da perversidade humana? Diante de infame atrocidade, sua esposa,
seus três filhos (Sem, Cam e Jafé) e as três noras, esposas dos seus
filhos, eram justos como Noé? Qual o nome da mulher do patriarca? No
livro de Gênesis não há nenhuma menção ao nome da esposa de Noé. Por que
propósito? A descomunal Arca foi construída somente para salvar o gênio
da carpintaria, sua família e um casal de cada espécie de animais do
mundo, antes do Grande Dilúvio da Bíblia? Por que as crianças não foram
excluídas da morte terrível dos afogados? Expurgar a inocência e a
pureza, sem maldade e violência, de uma criança, para o resto de
humanidade desaparecer na aflição dos afogados, na maior inundação de
toda história? É caminhar para a estaca, ser emparedado ou queimado
vivo! Que Inquisição! No dilúvio, ninguém teve chance de escapista. Que
indignação para o resto da humanidade ser devastada num aguaceiro sem
fim! “Assim foram exterminadas todas as criaturas que havia sobre a face
da terra, tanto o homem como o gado, o réptil, e as aves do céu; todos
foram exterminados da terra; ficou somente Noé, e os que com ele estavam
na Arca”. É chocante! Para acreditar que Noé tenha construído uma
embarcação de 135m de comprimento, 22,5m de largura, 13,5m de altura,
com três conveses. Um gigantesco baú à prova d’água, sem quilha, proa,
velas, remos ou lemes? Quando alguns historiadores afirmam que a Arca de
Noé foi construída entre 6.000 e 4.500 A.C. Mesmo que a Bíblia, antes
do Dilúvio, mencione forjadores de ferramentas de cobre e ferro, Noé
usou somente pinos ou cavilhas para fixar as madeiras umas às outras? Se
não existia polia, martelo, serra, prego, e nem ferramentas diamantadas
para cortar a madeira? Com tanta madeira, Noé levou as duas mil
espécies de cupim? Como conseguiu reunir os insetos que compreendem o
mais numeroso grupo de animais da terra? E milhões de espécies de
vegetais de cada região do mundo? E apenas com oito pessoas domou,
prendeu, conduziu e separou todas as espécies de animais selvagens,
carnívoros, herbívoros e predadores da Terra? Armazenou água potável e
alimentos para todas as espécies? Com centenas de dinossauros, que teria
que transportar dois de cada? Quando cada um pesava 50 toneladas, com
26 metros de comprimento? Como alcançou o ganso-indiano que sobrevoava o
Monte Everest? O boto-cor-de-rosa, do rio Amazonas? O preá da América
do Sul? O coala da Austrália e o pingüim da Antártica, para levá-los
para o Oriente Médio, e colocá-los na Arca? Oito pessoas poderiam
alimentar tantos animais e remover a bordo as fezes de um ano e seis
dias? Depois do dilúvio...? Como sobreviveram as minhocas sob a terra?
Os animais aquáticos de água doce com a salinidade dos mares? As aves do
céu, sem lavoura, na fetidez dos lodaçais de cadáveres insepultos? Não
há registro arqueológico, nem prova da existência do dilúvio mundial.
Nem mesmo vestígio do aniquilamento da raça humana. A Bíblia é cópia dos
Vedas. Mas em Russas, nas enchentes do rio Jaguaribe, a canoa do Chico
Rés flutuava como a Arca de Noé.
.Originário de Russas – CE. Formado em Direito pela Universidade de
Fortaleza – Unifor, advogado militante da Comarca de Fortaleza, e
romancista. Livros publicados: Deusurubu, Admirável Povo de São Bernardo
das Éguas Ruças. Romances: A Dança da Caipora, Os Mortos Não Querem
Volta e O Hóspede das Eras. Membro da ARCA – Academia Russana de Cultura
e Arte.
Tem alguma dúvida, crítica ou sugestão?