COLUNISTAS / AIRTON MARANHÃO (IN MEMORIAN)

A casa mal-assombrada de Manuel Anselmo

Airton Maranhão (in memorian)

17/09/2014

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É difícil enumerar a galeria das infindáveis personagens lendárias de Russas, sem fazer uma descrição primária da moradia de algum desses indivíduos sombrios. Que se torna forçoso designar que existe uma misteriosa casa na nossa terra, com fachada de penumbra amarela, guarnecida de portas e janelas enormes, pintadas de azul escuro, sob um oval sombreiro cinza, aureolada num largo prestígio de mistério, que curiosíssima, mal-assombrada, perpetua até o momento com a mesma construção antiga do século XIX. Embora, a princípio, sombreada por um gigantesco tamarineiro, aparente uma morada comum, insignificante e simples, para alguns russanos, deixou de ser comum. Talvez porque a enigmática vivenda da Rua Dr. João Maciel Pereira, 1936, com tais características, tenha pertencido ao Sr. Manuel Anselmo, fundador do espiritismo na cidade de Russas. E, por acreditar no sobrenatural de conversar com os mortos, em ação demoníaca, infame, pelo temor dos paranormais, tornou-se mal-assombrada. Quando os mais antigos contam que os adultos inventaram histórias de mal-assombro, para assustar os ignorantes, os bestas, os patetas e as crianças, com aparição de fantasmas na noite, nas casas povoadas de sonho e pesadelos. E dizem que a casa do espiritismo, preservada como o mais estranho patrimônio arquitetônico de Russas, é mal-assombrada. Falatório que surgiu da imaginação de pessoas supersticiosas e desconhecidas de locais isolados, que misteriosamente apontaram como a mais estranha, e mal-assombrada casa de Russas. Seria de arrepiar o demônio! Só porque pertenceu a Manuel Anselmo, fundador do espiritismo russano? Para imaginar que seria um reduto de fantasmas que assombra as pessoas? Embora que naquele recôndito de incógnita, tenham ocorrido sessões espíritas de acontecimentos inexplicáveis, com zoada estranha e gargalhadas sardônicas. Seria uma casa de má fama, no mais profundo abismo de descrédito diante da tecnologia e do avanço da ciência? É inacreditável! Os bestas não entendem que a assombração é uma invenção do imaginário popular, que envolve coisas de fantasma, bruxa, vampiro, lobisomem, papa-figo, rasga-mortalha, bicho papão, unicórnio, mula-sem-cabeça, dragão, Iara, besta semi-humana, abominável homem das neves, sereia, múmia assassina, curupira, Saci Pererê, duende, caipora, chupa-cabra, mulher-cavalo? Todas as manifestações espíritas, que aparentemente se apresentam ocultas e sobrenaturais, são fraudulentas. Na realidade, o espiritismo é uma fraude. Ninguém possui a faculdade de se comunicar com os mortos. E quem diz que se comunica com os mortos, trata-se evidentemente de charlatão. Tudo mentira! Como acreditar no perigo de acordar um sonâmbulo. Dormir sobre túmulo à beira da estrada, para sonhar com botija. É tudo invenção. Como a imaginosa aparição da “mulher-cavalo” que corria atrás das pessoas. Fascinante e fantástica história da cidade de Jaguaruana, que pelas ruas corria a mulher-cavalo, criatura com corpo de mulher em cima do local da cabeça de um cavalo, a mistificar um centauro, criatura mística da antiga Grécia. Nada comprova sem indagações científicas, as manifestações inexplicáveis da existência de entidades sobrenaturais de forças desconhecidas. Tudo burla de fenômenos paranormais criados pela mente humana. Nada de fatos autênticos. Os hábeis ilusionistas exploram a credulidade dos ingênuos e dos bestas. Fato indiscutível! As apresentações telequinésias, aparições de almas penadas, ectoplasmas, fotos supranormais, catalepsia, transmissão de pensamento, hipnotismo, o mal-assombro, todas as coisas das sessões espíritas, são truques de prestidigitações. Não existe casa mal-assombrada, fantasma, e ninguém fala com os mortos. Sem exceção de pessoas jejunas nas ciências, por manobrar a falar sem nenhum sentido, com arrevesada linguagem pseudo-científica. Como dita os estudiosos: “Todo indivíduo que se diz intermediário de entidades sobrenaturais deveria está preso.” Lembram do cético canadense James Randi, caçador de fatos paranormais, palestrante das universidades de Harvard, Yale, Princeton e Oxford, que desvendou todos os truques dos supostos médiuns e santos que chora sangue, e trambiques existentes nos fantasiosos fenômenos paranormais? Desmascarou Uri Geller, com fama internacional de dobrar colheres e consertar relógios com o “poder da mente”? Tudo ilusionismo. Randi desafiou em Fort. Lauderdale, na Flórida, o brasileiro Thomaz Green Morton, que dizia verter perfume das mãos e “energizar” e curar as pessoas. E ofereceu 1 milhão de dólares para Morton demonstrar os fatos paranormais que possuía. Morton, charlatão como todos, nunca apareceu para provar tais poderes. E em 1996, o ex-mágico, conhecido “Incrível Randi”, criou a James Randi Educacional Foundation, e lançou o “Desafio de 1 Milhão de dólares. Prêmio que oferece a quem provar que possui qualquer poder sobrenatural. Premiação que está aberta há quase meio século. E por toda verdade, se algum médium possuísse a faculdade de se comunicar com os mortos, já teria conquistado tal prêmio. E como a mente humana é exuberante, e oscila entre a bestialidade, a simulação fantástica, a realidade e as superstições extraordinárias, a “mulher-cavalo” da cidade de Jaguaruana, não existe. E, ninguém possui a faculdade de se comunicar com os mortos, nem a casa do Manuel Anselmo é mal-assombrada.

Airton Maranhão (in memorian)

.Originário de Russas – CE. Formado em Direito pela Universidade de Fortaleza – Unifor, advogado militante da Comarca de Fortaleza, e romancista. Livros publicados: Deusurubu, Admirável Povo de São Bernardo das Éguas Ruças. Romances: A Dança da Caipora, Os Mortos Não Querem Volta e O Hóspede das Eras. Membro da ARCA – Academia Russana de Cultura e Arte.

Airton Maranhão (in memorian)

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