COLUNISTAS / CARLOS EUGÊNIO

Brasil e Alemanha

Carlos Eugênio

21/08/2014

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Não restou dúvida que o futebol da Alemanha é melhor mais organizado do que o brasileiro. O que muitos não sabem é que somos uns dos piores países em outras áreas essenciais ao ser humano. Portanto, o choro dos torcedores, com a goleada que a seleção brasileira tomou da Alemanha na copa do mundo 2014, não passaram de lágrimas perdidas num vendaval de ilusões. Temos muito mais motivos para chorar, diante do quadro que o país ocupa em campos primordiais a vida. O brasileiro poderia trocar o choro por ação concreta e, sair da inércia, abandonar a posição cômoda de simples coadjuvante da história.
     A Alemanha é bem melhor do que o Brasil em diversos aspectos. Quando os alemães perceberam que precisavam evoluir no futebol, investiram na educação. Foi assim que conseguiram formar durante anos de trabalho, uma equipe forte, coesa e sincronizada. Esse país saiu de um resultado pífio no Pisa (Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes), e está ocupando o 15° lugar. Enquanto o Brasil encontra-se no final da fila, para ser mais preciso, ocupa o 58° lugar, atrás de países como Cazaquistão e Albânia. Diante dessa realidade temos motivos para chorar por futebol?
     Estudos mostram que o desempenho em matemática no Pisa, dos estudantes alemães, está crescendo gradativamente, e o do Brasil continua pífio. Não é atoa que a Alemanha domina a engenharia e as tecnologias. De acordo com o último ranking universitário, os alemães têm cinco universidades entre as 100 melhores do mundo. Enquanto o Brasil não tem representantes entre as 200 melhores.
     O salário dos professores no Brasil é o 3° pior do mundo. Segundo informações da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) o ganho anual de um professor de Ensino Fundamental II na Alemanha, é de US$ 60 mil – o que equivale aproximadamente R$ 132 mil, atrás apenas de Luxemburgo: US$ 101 mil e da Suíça: US$ 65 mil – dados de 2012.
     O Brasil paga aos professores, atualmente, um piso salarial mensal de R$ 1697,00 – o que corresponde a pouco mais de R$ 20 mil por ano. Dá para se falar em qualidade de ensino no Brasil? Professores mal pagos, sistema educacional medíocre, escolas sucateadas, profissionais insatisfeitos pela má remuneração e falta de cursos de capacitação. Portanto, diante desse quadro, não foi nenhuma vergonha a goleada que a seleção brasileira levou da Alemanha na semifinal da copa. Vergonhoso mesmo é sermos os últimos da fila, em serviços indispensáveis ao desenvolvimento humano.       
     Não precisamos ser o país do futebol, nem muito menos do carnaval. Teríamos muito mais motivos para nos orgulhar se fossemos o país da educação. Mas o poder vigente, aqueles que ocupam autos cargos institucionais para nos representar, não têm interesse que sejamos um povo culto. Para os poderosos é bastante cômodo que os estudantes brasileiros fiquem em 38° lugar, entre 44 países, no teste do Pisa que avaliou a capacidade de raciocínio. Somente assim o povo pode ser usado como massa de manobra. Uma população inculta e inócua faz o jogo político da classe dominante. Para que mudar esse quadro, então?


Carlos Eugênio

Nasceu em Russas - CE. Graduado em Português Licenciatura Plena pela Universidade Vale do Acaraú; (UVA), Especialista em Ensino da Matemática e Física pela Faculdade Vale do Salgado (FVS). Professor, colunista do Jornal Correio de Russas e da TV Russas.

Carlos Eugênio

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