Canonização de Maria das Quengas

Airton Maranhão (in memorian)

18/06/2014

Estudiosos, ignorantes, analfabetos, fanáticos e religiosos, apontam que o maior processo da história surgiu no Tribunal que julgou Jesus Cristo. Quantos volumes enumeram os autos do inusitado processo? Com todos os incidentes processuais, para definir o delito que lhe foi imputado? Com todos os trâmites de um processo legal, julgado pela dignidade da pessoa humana. Com a aplicação justa da pena de quem tivesse mesmo cometido um delito. Qual foi o crime que cometeu, para receber tão injusta e cruel acusação criminal? Aponte o crime que Jesus cometeu. Não me venham dizer que foi o Deicídio. Definição de um crime cometido por um Homem-Deus. Que considero a mais aberrante de todas as condenações. Num processo trevoso e mais mentiroso do mundo. Porque Pilatos, ao convocar o plebiscito, na sua função judicante, deixou que a massa popular o punisse. Arrependido, porque não excitou a plebe fanática, a fazer justiça com as próprias mãos. Mas não é o maior processo do mundo. Nem mesmo comparando ao suplício pavoroso e infamante para Jesus ser crucificado entre dois ladrões. Qual foi o crime que cometeu? Foi ter sido crucificado entre dois ladrões? Por causa dessa desonra, descobriram que Deus é brasileiro. Filho de um país de políticos ladrões. Que o povo vota em rapinadores. Rir da desgraça alheia e manga da própria sorte. Conta piada no velório de parentes e desfaz do cidadão honesto. Paga colchões para presidiários queimar. Aplaude escândalos dos ministros, senadores, deputados, prefeitos e vereadores. E não planta um pé de coentro para sustentar a família. Não procura trabalho com medo de encontrar. Mas picha e depreda o patrimônio público. Mata e vota nos políticos para não ser punido. E em velório, ateia fogo em caixão de defunto. Porque os pais não podem educar com palmadas. Mas, recebem Bolsa Família para aumentar a prole e o filho menor poder votar. Não canso de ouvir dizer: “todo político é ladrão”. E esse declínio moral da nação, é a porta do covil que não se abre para os honestos. A política é a arte de chafurdar o lixo. E o político galhofa, para mostrar que o povo é tolo. Ah! Poeta Batente! Como me faz lembrar a sua poesia: “A porta é uma porta, se a porta não fosse porta a porta não era porta, abra a porta, porta.” E é por causa da porta desses políticos, que a carga tributária cresce. Que os serviços públicos ficam cada vez mais precários. E o povo sofre o mais miserável e injusto preconceito social do país. E o judiciário, com senadores e deputados, não define o que é criança, adolescente, inocente e criminoso. O maior processo do mundo, se Deus é brasileiro? E Pilatos sem indicar talento, não designou acusadores; não concedeu ao acusado prazo de direito de defesa, nem para escolher advogado. Não indagou no interrogatório se o acusado tinha defensor. E sem citação regular, discussão contraditória, sem testemunhas de acusação e de defesa, com uma sentença pronunciada sem os termos regulares, iniciou a lavratura final executória. Que durou apenas doze horas, para pronunciar o Deicídio. Ao anunciar a morte de um inocente e gerar o Homem-Deus, num crime jamais perpetrado, que de tão fantasioso, abalou somente os tolos, com as chacotas e risadas dos incrédulos. Que invenção daquele povo fanático, babaca e ignorante! Jesus nunca construiu um lar, nunca trabalhou e nem escreveu uma frase. Os supostos ensinamentos de Cristo foram todos copilados da sabedoria judaica. E estudiosos no assunto alardeiam que Jesus nunca existiu. E que, em nenhum museu do mundo, faz constar uma só palavra escrita do imaginoso processo. Sabe por quê? A Bíblia foi escrita num conjunto de lendas, fraudes e mentiras, sem nenhum fundamento sólido. E com intriga e ambição, nessas controvérsias, surgiu o menor país do mundo, o Vaticano. O mais rico e o mais poderoso. Teatro gigantesco de farsa, corrupção, roubo, assassinatos e a depravação. Quem não sabe desse Vaticano de história de papas devassos, loucos, bizarros, sinistros, depravados, cruéis, assassinos, com amantes e prostitutas? Que ainda flutua na luxúria de safadeza, corrupção e pedófilos dos padres, cobertos de ouro e de pecados? Quem não conhece Lucrécia Bórgia, filha do papa Rodrigo de Bórgia, a mais depravada de todas as mulheres, que perdeu a virgindade com o irmão, sob a orientação do próprio pai? E o celibato clerical proíbe o ser humano de amar e praticar sexo e Edir Macedo promete o céu e a felicidade depois da morte. E nos altares de profanações e orgias, os abades alemães inventaram a cerveja, a ganância e a pedofilia. E agora, ressurge com o missionário José de Anchieta, ao ser canonizado no mês de abril passado, num processo que transcorreu nas mãos dos mais infames papas, depois de 26 anos de beatificado. Processo que durou mais de quatro séculos. 417 anos, para ser declarado santo. Processo mais longo da história. Indiferente da russana Maria Augostinho do Santos, mais conhecida por Maria das Quengas, mendiga, de alma pura, santa, fascinadora e tímida, religiosa e virgem como as santas das igrejas, cruelmente assassinada em 1893, que tem milagre comprovado. Qual foi o milagre de padre Anchieta para virá santo? Ora, se não apontaram um milagre, é porque não tem milagre algum. Apenas poemas que escrevia na areia da praia de Iperoig, e as ondas apagavam as estrofes. Mesmo sendo um simples beato, foi denominado santo pelo Vaticano. E a Igreja continua com a sua farsa. Edir Macedo, com o seu charlanteísmo. A política com os seus ladrões e Maria das Quengas a espera de ser canonizada.

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