Pedagogia da tolerância

Carlos Eugênio

03/06/2014

A essência dos problemas sociais desse país tem suas bases fincadas na educação formal e na família. É na junção dessas instituiçõesque flui o nascedouro de uma sociedade pautada em valores morais e éticos, ou na formação de uma comunidade desajustada. Quando alguém quiser compreender o que está ocorrendo com o Brasil – violência desenfreada, desajuste social, falto de respeito à vida, domínio do tráfico, violência no trânsito, desconsideraçãoàs leis vigentes e os motivos que estão levando os jovens a perderam a vida precocemente –participe do cotidiano de uma escola.
A juventude de hoje não aceita mais ser contrariada em suas vontades. As famílias estão criando seus filhos sem ensinar-lhes os limites necessários a uma boa convivência. As pessoas precisam compreender que, dizer “não”, também é um ato de amor. Essa expressão de significado negativo faz parte do dicionário da vida.Os jovens estão chegando à escola com a certeza de que sua vontade vai prevalecer sobre as demais. Isso causa conflito e perturba o ambiente escolar. Émuito comum ouvir depoimentos de pais, afirmando não saberem mais o que fazer com os filhos.
A escola é o campo de pouso que acolhe pessoas de diferentes concepções religiosas, pensamentos ideológicos e domínio socioeconômico. Isso é o que há de melhor, enão poderia ser diferente. Um espaço que dissemina valores e semeia a concórdia, tudo isso agregado ao conhecimento e a valorização humana. Entretanto, essa teoria melancólica está longe da nossa realidade. A escola está distante de tudo que o adolescente almeja, e as famílias não veemmais esse espaço de ensino como um aliado na formação humana.
Esse paradoxo na relação de confiança, entre instituição de ensino e comunidade, aliado a desestruturação familiar, reflete de forma significativa nos acontecimentos que afligem a sociedade contemporânea.O que esperar de alunos que não levam os livros para as aulas, agridem moralmente os professores, ameaçam e atacam fisicamente os colegas? O que dizer de um estudante que afirma estar frequentando o colégio apenas para receber o incentivo da balsa escola? Como esses jovens,com essas concepções, se comportarão quando adultos? O que esperar de um país em que uma criança de cinco anos leva maconha embrulhada num papel para presentear a professora? Esses fatos ratificam a degradação da família.
A escola tornou-se refém do falido e medíocre sistema educacional brasileiro. As leis que regem os estatutos escolares não podem fugir a um princípio básico: A pedagogia da tolerância. Esse princípio norteia os demais valores, e por mais boa vontade e competência que tenha um gestor de uma escola pública, suas decisões esbarram nesse princípio. A promoção automática é outro equívoco dessa politica educacional.
O que está acontecendo com o Brasil? Por que as pessoas ainda tão jovens não têm objetivos na vida? Uma família que não impõe limites a seus agregados semeia a libertinagem e forma uma nação de alienados. O que será desse país? As autoridades perderam o respeito perante o povo, eà formação familiar, pautada em valores éticos, degradou-se ao longo do tempo. O brasileiro precisa rever suas concepções ideológicas e voltar a sustentar-sena família e na escola. A pedagogia da tolerânciaestá formando uma sociedade inculta, intolerante e sem perspectiva de vida.

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