O retorno do cangaço

Carlos Eugênio

05/05/2014

Que país é esse? Em pleno século XXI a população vivencia o retorno do cangaço. O que está acontecendo com o Brasil? Cidades inteiras estão sendo sitiadas por assaltantes extremamente armados, os governos estaduais se eximem da culpa com declarações de que a violência é um problema nacional, enquanto o povo fica a mercê da criminalidade. Até quando as “autoridades” desse país vão fingir que o problema não é de sua competência, e a população vai pagar o preço pela inoperância de suas gestões? Até o dia em que os marginais se voltarem para a classe política.

Mas será preciso isso mesmo? Somente quando os políticos sentirem na própria carne, o que o povo brasileiro já sente há tempos, irão tomar medidas concretas de combate à violência? O povo já não aguenta mais tanto descaso na segurança. Nas ruas das grandes metrópoles, nas pequenas cidades e nos mais longínquos lugarejos da zona rural, as pessoas andam assustadas, não creditam no domínio da segurança pública, nem muito menos na justiça brasileira.

Infelizmente estamos presenciando o retorno do cangaço. A aflição que os habitantes de Itaiçaba passaram é a ratificação dessa tétrica realidade. As forças policiais, os três soldados da policia militar, responsáveis pela segurança do município, ficaram reféns dos assaltantes, enquanto os demais bandidos agiam explodindo os caixas eletrônicos do Banco do Brasil, aterrorizando a população. Situação semelhante já ocorreu no município de Palhano e vem tornando-se frequente em diversas cidades brasileiras.

A astúcia da criminalidade não tem limite. Mas, é perfeitamente compreensível tamanha impetuosidade. Como é que um município pode ficar na responsabilidade de apenas três policiais? Lamentavelmente esse é o retrato fiel de segurança pública do nosso Estado. O governador Cid Gomes (PROS), chegou ao governo levantando à bandeira do combate ao crime. A verdade é que o programa Ronda do Quarteirão, que tem o propósito de aproximar a policia da sociedade, não tem atingindo a meta desejada. Embora sua filosofia de trabalho seja louvável e reconhecida pela sociedade, entretanto apresenta algumas limitações prejudiciais a uma prática mais eficiente.

Os marginais estão agindo a revelia da lei. Mas, que lei? As leis no Brasil protegem muito mais a marginalidade do que mesmo os cidadãos que pagam impostos e sustentam esse país com a força do trabalho. Os eleitores não sabem escolher seus representantes? Ou será que diante o quadro politico brasileiro, não há quem escolher? Na verdade, a cada nova eleição, está ficando mais difícil selecionar o joio do trigo. Será que existe mesmo trigo incólume em meio tanta erva daninha?

Fortalecer as leis na aplicação de penas rigorosas aos transgressores, assegurar um policiamento ostensivo na zona urbana e rural, garantir um salário digno para os profissionais, retomar o controle das divisas estaduais e municipais com práticas preventivas, são apenas algumas medidas que podem mudar esse quadro caótico. Todavia, enquanto a sociedade ficar inerte, e as autoridades fingirem que os problemas de segurança pública não lhe diz respeito, só nos restam esperar a próxima cidade a ser sitiada, com ações organizadas, frente a um sistema de segurança falido e incompetente.

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