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Durante a década de 70, o município de Russas tinha sua rede de energia gerada através de motores movidos a caldeiras. A energia restringia-se somente em algumas residências do centro da cidade. Pois o fornecimento de eletricidade era, na primeira metade da década de 1970, privada, só quem tinha acesso eram as famílias mais abastadas do município que podiam pagar por ela. O proprietário desses motores/geradores era o senhor Alberto Góes. Antes de sua chegada a cidade de Russas estava há cinco anos sem energia por falta dos geradores. Que tal voltarmos no tempo, e observarmos como era o ambiente em Russas naquele período? Melhor ainda é ler um trecho de um relato de quem vivenciou esta época e essa chegada da energia elétrica em Russas:
“...Aí, quando o papai chegou aqui (1934), eu era pequena, tinha nove anos. Essas rua aqui (Avenida Dom Lino) era tudo areia, não existia calçamento. Nera esses postes assim não. Sabe, de trilho de trem? De bonde, essas coisa? Pois é, era os postes... A luz era assim: só até as dez horas da noite. Depois de dez hora, num tinha... O seu Alberto Góes morava aqui vizinho a minha casa, ele era o dono da usina. Ainda se chamava, a gente chamava era usina, né? Quando era noite de lua (Ri) o seu Alberto num acendia as luzes, e ficava só a luz da lua... Aí sentava, assim, na luz da lua, a gente ia sentar na calçada, ia tocar violão, a gente ia cantar, era aquela animação. Um carrinho aqui, outro acolá, num tinha esse negócio de... E depois nós ficamos no escuro. Passamos 5 anos no escuro. Acho que foi na década de 70. Em 76 veio a CENORTE,, mas pra trás de 76 a energia vinha dos poste. Então era o tempo da escuridão. Completamente escuro, clareava quando vinha um carrinho.”[1]
Interessante notar o quanto se tornou ‘simples’ ou natural obtermos energia elétrica hoje em dia, muitas vezes nem damos conta da dependência que criamos em relação a modernidade. Além das inovações na produção limpa de matrizes energéticas. Atualmente, muita gente diz “faltou energia, vou dormir”, como se o mundo e as coisas só tivessem sentido com a claridade artificial e demais eletrodomésticos, em especial a televisão ou mesmo o computador.
É um bom motivo para sabermos que em épocas remotas, aqui em Russas, a única fonte de iluminação era a vela feita a partir da cera produzida pelas abelhas. Eram velas escuras e que exalavam um mau cheiro terrível, segundo depoimento encontrado no livro “Russas: Sua Origem, Sua Gente, Sua História”(1976) do professor e pesquisador Limério Moreira da Rocha.
No final ou início do século XIX a criatividade dos nossos ancestrais e a oferta da nossa rica natureza fez nascer a vela feita através da cera de carnaúba, tinha uma melhor capacidade de iluminação, soltava pouca fumaça e não exalava o mal cheiro da vela de cera de abelha.
Até que na segunda metade do século dezenove, outros produtos se introduziram na geração de luz, como o carbureto, o querosene até chegarmos em nossos dias, que, imaginamos ser tudo tão natural que esquecemos o quanto nossos avôs e avós tiveram que passar para nos mantermos aqui, Vale do Jaguaribe, nossa terra!
[1] Dona Maria Ogarita de Sousa, 80 (hoje 87); Professora; Entrevista gravada em 15/03/2006, em sua residência: Av. Dom Lino, 794.
Professor especialista em ensino de História; Historiador Pesquisador; Escritor; membro da diretoria da Academia Russana de Cultura e Arte (ARCA); Compositor e ligado ao movimento Cultural de Russas Fez parte do Grupo Teatral Arco-Iris; membro fundador da OFICARTE Teatro e Cia; Professor na EEM - Escola Manuel Matoso Filho; Blogueiro.
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