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Durante o Brasil colonial, era comum entre os africanos e afro-brasileiros forros (livres) uma ligação de fé a alguns santos e santas católicos, como São Benedito, Santa Efigênia e, particularmente, Nossa Senhora do Rosário, por ter sido essa, a primeira Confraria dos negros que conseguiram permissão para a construção de uma igreja específica para a comunidade negra. A Igreja do Rosário dos Pretos, começada sua construção em 1704 foi lentamente sendo construída e hoje é um dos templos mais visitados da Bahia, inclusive com um cemitério dentro da igreja onde estão enterrados vários homens e mulheres da sociedade negra colonial.
Essa vinculação teve repercussão imediata na colônia, uma instância de resistência através da fé e da cultura, dos modos de vida e da luta dos povos afro-brasileiros. Aqui no município de Russas, achamos no início do livro “Russas: Capital e Santuário” do Pe. Pedro de Alcântara, a informação através de transcrições que a Igreja instalou a Paróquia com o título de Nossa Senhora do Rosário a pedido do doador das terras para a igreja o Comissário Teodósio Abreu de Gracismão em 1707.
Sabemos que antes mesmo da construção do forte de São Francisco Xavier, a chegada de escravos e vaqueiros negros nos currais de criação de gado era uma realidade. Digo antes da construção do forte, porque para ele, o forte, foi enviado um pelotão do Terço dos Homens Negros (ou Terço dos Rodrigues), como vemos a seguir:
“... de uma portaria de 08 de novembro de 1697, ordenando ao almoxarife da Fazenda Real o envio de meia farda aos 30 milicianos negros designados para se situarem no Jaguaribe (Forte de São Francisco Xavier)...” (p. 93).[1]
Sobre a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Russas, podemos observar nas duas vertentes étnicas que permeiam as primeiras congregações da cidade a divisão da mesma igreja com denominações apenas em seu final. A primeira Irmandade surgiu em 1728 com a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Negros, ou, Irmandade do Rosário dos Pretos.[2]
Com a criação da nova Matriz em 1735, é criada também toda as instâncias administrativas e canônicas na condução da mentalidade daquela sociedade em construção. Também é criada a Irmandade do Rosário dos Brancos. Sobre o mesmo símbolo religioso, três etnias começavam a se interligar culturalmente, ao passo que os Congos de Rei e as benzedeiras ou benzedores, que lembram as pajelanças, estavam introduzindo e mantendo viva nos parâmetros do cristianismo do português colonizador, suas impressões do mundo religioso e suas culturas.
Professor especialista em ensino de História; Historiador Pesquisador; Escritor; membro da diretoria da Academia Russana de Cultura e Arte (ARCA); Compositor e ligado ao movimento Cultural de Russas Fez parte do Grupo Teatral Arco-Iris; membro fundador da OFICARTE Teatro e Cia; Professor na EEM - Escola Manuel Matoso Filho; Blogueiro.
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