COLUNISTAS / AIRTON MARANHÃO (IN MEMORIAN)

Waldemar de Sousa Pinheiro - O delegado de paz

Airton Maranhão (in memorian)

21/11/2012

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     Russa mereceu que surgisse no seu leito um homem de caráter, puro e altamente verdadeiro que demonstrasse em sua natureza as qualidades extremistas de um inigualável patriota. A figurar poderoso e influente em todos os sentidos de um Delegado de Paz, diante das batalhas da vida pelo amor ao trabalho em favor dos pobres e dos mais necessitados. Para solucionar os problemas emergenciais, sem jamais admitir desânimo ou derrota, ao deixar de cumprir o seu desejo com vitórias. E surgiu com muita calma e serenidade um afortunado possuidor de uma força irresistível de energia e de insensibilidade, quase desumana para com os injustos, os falsos e os ambiciosos. Nunca ficou de braços cruzados com a mente construtiva pelo intelecto de profundo filósofo, em busca de entender os segredos da vida e da morte. Voltado para o seu lar como chefe de família, era quem sempre dava a última palavra. Esse baluarte Delegado de Paz, trata-se de Waldemar de Sousa Pinheiro, filho de Raimundo de Sousa Pinheiro e Isabel Leite da Silva Pinheiro (Zabilinha), nascido em 26 de outubro de 1918, na cidade de São Miguel, no Estado do Rio Grande do Norte. Que por quase sete décadas residiu em Russas, enamorado, admirador e amante de nossa terra natal. E pelo amor supremo de dois corações apaixonados para o enlace matrimonial, com Alda Correia Lima, que com os seus 92 anos de idade, ainda desfruta o mátrio em plena lucidez. Fecundaram 12 filhos: Walmar Pinheiro, Socorro, Valda, Valter, José Maria, Maria do Carmo, Gilmário, Maria das Graças, Rinald, Maria Isabel, Vital de Lima Neto e Adriana. Para obter o cognome de Delegado de Paz, a estrela guia do universo preparou seu caminho, a seguir as pegadas do destino rumo à cidade de Russas. Antes, com a morte do seu genitor, em 1933, ao se mudar para Limas Campos, para morar com o irmão Cícero, arranjou o primeiro emprego no Serviço de Reflorestamento da Espectoria de Secas. Prestou serviços à Engenharia de Estudos Complementares de Canais e Açudes. Depois, transferido para o Escritório e Armazém da Espectoria de Secas. E em 1939, influenciado pelo primo José de Almeida Pinheiro, prefeito municipal de Icó-Ce, passou a trabalhar no Serviço de Malária do Nordeste, na condição de Guarda da Malária. Três meses depois foi promovido ao posto de Guarda Chefe, com transferência para o município de Baixio-Ce. E em 1940, para Russas, e com dois meses depois, para Aracati-Ce, para prestar o ofício no Laboratório do Serviço de Malária no Nordeste. Num curso de especialização foi elevado ao cargo de Guarda Chefe Especial de Revisão e Capturas, com ação operacional nos Estados do Rio Grande do Norte e Paraíba, à investigação do mosquito transmissor da febre amarela. Com a extinção do órgão do Serviço de Combate à febre amarela no Nordeste, recusou prestar serviços na Baixada Fluminense. Porque já estava noivo com Alda Correia Lima, filha do comerciante e agropecuarista Vital de Lima e de Maria Paulino de Lima. Casando-se em 1942, em Passagem de Russas, onde fixou residência como comerciante ao instalar a mercearia São Miguel. Pelo tratamento com as questões humanitárias, Waldemar, Delegado de Paz, perdurou por muitos anos na política, no PSD–Partido Social Democrático, ligado eleitoralmente ao Dr. Manuel Matoso e Dr. João Maciel Filho. Transferindo-se para PTN–Partido Trabalhista Nacional, onde foi candidato a vice-prefeito, com o companheiro de chapa, seu cunhado João Estácio de Sousa. Foi candidato a vereador, sem lograr êxito devido à candidatura do seu cunhado Joel Correia Lima, que venceu o pleito. Waldemar, como político incomparável, presenteou para Russas os filhos: Rinald, com a série de cinco mandatos eleitos a vereador. Vital e o Coronel Pinheiro, candidatos a vereador do município, e Valter, como vereador eleito e vice-prefeito na cidade de Cubatão, em São Paulo. Nessa brilhante história, Waldemar Pinheiro prestou relevantes serviços a sua comunidade e ao povo russano na condição de Delegado de Paz, por mais de 30 anos. E de Dentista Prático e Enfermeiro Prático, conduzindo a sua maleta de ferramentas, para cumprir os serviços práticos de enfermagem e de dentista. Sem cobrar um centavo, atendia a todos, dia e noite a percorrer longas distâncias, para extração de dentes, aplicação de injeções, curativos, fazer pequenas cirurgias de tumores, suturas de ferimentos em emergência diversa, como nos casos de infecções, partos e moléstias que afligiam as comunidades pobres. Com equipamentos esterilizados em água fervente, na extrema higiene, com acompanhamento aos pacientes para a cura final, sem infecção por dente extraído ou cirurgia. Cumpria a missão nos casos graves com dificuldade de transporte ao levar os enfermos para cidade. O Guarda da Malária, Enfermeiro Prático, Protético Servidor, Dentista e Delegado de Paz, conciliador de conflitos de terra, divergências familiares, reconciliações de casais e reprimenda a malfeitores, conquistou um círculo de amizade invejável. Aos 83 anos foi Presidente da Associação Comunitária Vital de Lima, em passagem de Russas, São João de Deus. Em 2004, foi agraciado com Título Cidadão Russano, Decreto Legislativo 007/2004 de 06/08/2004. Homenageado com Título de Rua Waldemar de Sousa Pinheiro, no Tabuleiro de Russas. Projeto apresentado na Câmara Municipal pelo vereador Fernando Amaral, aprovado e sancionado pelo Prefeito Raimundo Cordeiro de Freitas. Extraordinário, ímpar e inigualável, Delegado de Paz, Waldemar de Sousa Pinheiro, falecido aos 89 anos de idade, com as mais altas honrarias, registro como manifesto neste artigo ao autêntico filho de Russas, por notoriedade aos serviços prestados ao povo russano.

 

Airton Maranhão

Advogado Escritor

Membro da Academia Russana de Cultura e Arte – ARCA

Airton Maranhão (in memorian)

.Originário de Russas – CE. Formado em Direito pela Universidade de Fortaleza – Unifor, advogado militante da Comarca de Fortaleza, e romancista. Livros publicados: Deusurubu, Admirável Povo de São Bernardo das Éguas Ruças. Romances: A Dança da Caipora, Os Mortos Não Querem Volta e O Hóspede das Eras. Membro da ARCA – Academia Russana de Cultura e Arte.

Airton Maranhão (in memorian)

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