COLUNISTAS / CARLOS EUGÊNIO

Vicissitudes literárias

Carlos Eugênio

12//2/06/0

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    A literatura é a arte que dar voz à alma. Pode ser definida como uma manifestação artística que consiste, sobretudo, na ação de ouvir o subconsciente e transmutar o materialismo, transcendendo a razão, para alcançar à essência divina que habitada a psique humana. Verdadeiramente, a arte literária é um encontro com as divindades, por mais cético que seja quem se dedica a esse oficio. Não pode ser conceituada, simplesmente, como a arte de criar textos. Vai muito mais além! Um conjunto de produções literárias, não se fundamenta, apenas, na ação de se relacionar bem com a retórica e a poética. Mas, num mergulho no universo inanimado, objetivando transformar o mundo real através da ficção. A vida não precisa imitar a arte, mas a arte deve transformar a vida.           

 

    A literatura passou por aperfeiçoamentos de conceitos, costumes e estigmas. Dos gêneros literários da antiguidade: épico, dramático e lírico -difundido na Grécia clássica- a literatura contemporânea. Nesse percurso, a literatura semeou em versos e prosas, narrações de fatos grandiosos centrado na figura de heróis, exibições cênicas na forma de tragédia ou comédia e textos de caráter emocional, alicerçado na subjetividade dos sentimentos. Cada estilo representando os anseios, carências e quimeras de um povo. Atendendo as exigências da sociedade e as necessidades do espirito.

 

    As manifestações artísticas têm por obrigatoriedade conscientizar uma nação. Não deve se deter a meros entretenimentos. A arte possibilita aflorar os anelos adormecidos na consciência, e emergir das estranhas humana, conhecimentos latentes. Para semear valores que desperte o povo da ignorância. Pautado nesse propósito muitos artistas engajaram sua aptidão nas lutas sociais, contribuindo com o desenvolvimento de seu país. Fomentar a alma, com manifestações de afetividade, é outro papel que cabe a arte literária. Com essa filosofia, estará fortalecendo o sentimento, que é o cordão umbilical da existência, no qual outorga sentido à vida. Por outro via, cabe à literatura, aperfeiçoar a visão de mundo de um povo que clama por justiça social.

 

    Por toda a história literária, encontram-se fatos relevantes que ratifica a concepção de uma literatura transformadora. A escola Barroco, que teve inicia em Portugal, surgiu das crises dos valores renascentistas, ocasionada pelas lutas religiosas e pela crise econômica, vivida em decorrência da falência do comercio com o oriente. O Arcadismo, escola literária que nasceu opondo-se ao Barroco, tingiu as artes com uma nova tonalidade burguesa, com essência nitidamente reformista. Em suas pretensões almejava reformular o ensino, os hábitos, as atitudes sociais, uma vez que as expressões artísticas provem de novas ideologias. Já o Romantismo, opunha-se a arte equilibrada dos clássicos, fundamentou-se na inspiração célere dos movimentos da vida subjetiva: sonho, fé, paixão, saudade e nas forças das lendas nacionais. Chegou com o desejo de expressar as peculiaridades do país e valorizar o individuo e a vida afetiva.  A literatura, portanto, transforma-se, modifica e reluz.

 

    Dentre as sucessivas alternâncias literárias, surge a literatura contemporânea. No Brasil as manifestações artísticas desse período estendem-se por duas fluentes: a permanência de autores já consagrados ligados à linha clássica, e a ruptura com valores tradicionais almejando novos caminhos, com o surgimento de crônicas, contos esplendidos e da poesia práxis (manifestação poética filosófica de caráter social). Rompendo paradigmas estilísticos dos poemas clássicos.

 

     O estilo contemporâneo está cumprindo seu papel, atualmente, perante o individuo e a sociedade? Certamente! Caracterizado como um movimento ligeiramente jornalístico, denúncia à realidade, e seus aspectos políticos e sociais. Seja através de fatos reais ou fictícios, os autores contemporâneos relutam para que sua arte sobreviva o dessabor de uma cultura pouco valorizada. Portanto, as vicissitudes literárias acompanham o tempo, no propósito de alimentar o corpo e saciar a alma. 

 

 

 

Carlos Eugênio Sombra Moreira

Professor e Escritor

 

Carlos Eugênio

Nasceu em Russas - CE. Graduado em Português Licenciatura Plena pela Universidade Vale do Acaraú; (UVA), Especialista em Ensino da Matemática e Física pela Faculdade Vale do Salgado (FVS). Professor, colunista do Jornal Correio de Russas e da TV Russas.

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