Calcanhar de Aquiles

Carlos Eugênio

12//2/07/0

Calcanhar de Aquiles

Carlos Sombra

Conforme a mitologia grega, Aquiles foi um herói da Grécia. Um dos participantes da Guerra de Tróia e personagem principal de Ilíada, poema épico, cuja autoria é atribuída a Homero, que narra a guerra entre gregos e troianos em vinte cantos. Segundo a lenda Aquiles era filho da união de um mortal com uma deusa. Teria sido mergulhado, por sua mãe, nas águas de um rio para torná-lo imortal. Porém, ao segurar a criança pelo calcanhar direito, no intuito de pretegê-lo, impediu essa parte do seu corpo de receber a invulnerabilidade. Surgindo, então, a expressão “calcanhar de Aquiles”. Esse fato lendário, nos mostra que embora tenhamos força, temos uma parte vunerável, atingível.

Na arte de viver, quando se abre as cortinas da realidade, somos rocha ou barco a deriva em meio à tempestade. Em muitas situações, enfretamos os problemas com a força de uma fera selvagem. Mas, deparomos com realidades difíceis de aceitar. E, é neste momento que nos tornamos taça de cristal. Podendo ser partida em estilhaços.

Todos nós temos oculto nas entranhas, o chamado calcanhar de Aquiles. Um ponto frágil. Intocável. Aquele que pode nos levar ao abismo. Fruto de acontecimentos externos mal resolvidos, situações complexas vivenciadas na infância, ou verdades que surgiram ao longo da vida e não foram aceitas.

Encarar a realidade de frente é o primeiro passo para superar essas circunstâncias, ocultas no subconsciente. Reclusa no âmago da inconciência, que pode arrebentar em um momento de contrariedade. Deixando-nos sem norte, tirando-nos a alegria de viver.

Não somos uma fortaleza. Aceitar as fragilidades humanas com naturalidade, trilhando o caminho dos sonhos, consiste na atitude de viver cada momento. Os sonhos são moinhos que movem a esperança. Assim como o corpo necessita de água para saciar a sede, a alma precisa sonhar para renovar-se. Só não podemos tornar-se escravos dos desejos. O sonho não pode distanciar-se das limitações. Reconhecer nossos limites é ponto crucial para enfrentar as fraquezas.

A alma também tem sede! Anseia por justiça, amor e paz. Embora algumas, trilhem em direção a discordia, a fezer o mal. Estas sentem na boca o amargo do seu próprio veneno. O ponto fraco de alguns é saber da felicidade do outro. Para estes, ofereça-lhes uma oração, mesmo que não tenha nenhuma crença. A fragilidade dos incrédulos é olhar a imensidão do mar, a infinitude das estralas, o tingido das rosas. E não encontrar explicações cientifica que satisfação essa existência, perante tanto encantamento.

O erro cometido pela mãe de Aquiles pode ser atribuído à superproteção. Sua vontade de protegê-lo foi imensa. Deu-lhe imunidade. Mesmo assim, cometeu uma falha que futuramente trouxe consequências irreparáveis, tornando-o um simples mortal.

Querer o bem de uma pessoa não significa blinda-la, perante os momentos difíceis. Ser um escudo nessas situações é alimentar uma personalidade frágil. Apoiar não significa levar a pedrada pelo outro. O ser humano tem a capacidade de suportar e adequa-se a qualquer realidade. Desde que esse poder de reação seja trabalhado em sua infância. Através de conceitos éticos e morais.

Podemos ser rocha no leito do rio que suporta as tribulações, ou folhas secas levadas sem destino pela correnteza. Cabe a nós, pelos conquista do livre arbítrio, escolher qual caminho trilhar. Se seguir os passos das lamentações ou agir perante os fatos. Não pode existir uma melhor conselheira, que comtemplar a natureza. Ela sempre é uma boa companheira, quando somos atingidos ferozmente por acontecimentos inesperados. Ao apreciar o encanto que existe envolto no alvorecer, certamente renovará a vontade de viver. “Para encontrar a esperança é necessário ir além do desespero. Quando chegarmos ao fim da noite, encontraremos a aurola” (Georges Bernanos).

Carlos Eugênio Sombra Moreira

Professor e Escritor

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