Prioridade de governo

Carlos Eugênio

12//2/23/0

Prioridade de governo

Carlos Sombra

Em tempos de embates eleitorais, educação, saúde e segurança tornam-se a peça chave de todo candidato que almeja chegar ao poder. Nos discursos tempestuosos não faltam promessas de melhorias nesses setores. Analisando friamente a questão, as falácias são as mesmas, não surge nenhuma novidade. Mas, quando o discurso tem a oportunidade de ser posto em prática, a realidade bate a porta de forma atroz. Os mesmos que demonstravam uma ideologia de pensamento condizente com os anseios do povo, ao ser eleito, voltam-se para a defesa de seus interesses individuais, e projetos políticos que atendam os patrocinadores de sua campanha, salvem-se as exceções.

Um governo não pode afirmar que está voltado para a saúde, perante a realidade vivenciada pelo povo ao buscar atendimento nos meios públicos. O colapso da saúde pública no Brasil é uma lôbrega realidade. O caos se instalou em todo o país. Hospitais com leitos insuficientes. Consequentemente, quem necessita de cuidados médicos, morrem nos corredores por falta de atendimento. Ficar doente virou artigo de luxo. Quando uma pessoa desprovida de recurso financeiro, adoece, – caso venha ser algo que necessite de atendimento com urgência –, termina em vela acesa e caixão fechado. O pobre não tem direito de ficar doente nesse país.

Quais as reais prioridades de governo dos nossos gestores? As drogas tomaram espaço das antigas brincadeiras de crianças e adolescentes, levando-os para o mundo da marginalidade. Provocando a disseminação da violência nos mais longínquos recantos, seja zona urbana ou rural. Falta um projeto político gerido com responsabilidade, para atender os desmandos da insegurança que predomina em Estados e municípios. Estão assaltando com a facilidade de quem tira doce das mãos de uma criança. As leis brandas favorece o crime. Nossos legisladores temem endurecer a lei, para não cair na própria armadilha. Enquanto isso, a população fica a mercê do crime, que impera nas mais diversas formas. O Brasil é o país em que muito se fala e pouco se faz.

Priorizar a educação é investir indiretamente em saúde e segurança. Através da garantia de um piso nacional digno para os professores, e uma politica educacional pautada na qualidade de ensino. O líder político que se nega atender a esse proposito, não pode subir nos palanques para falar de educação. Chega de tanta demagogia barata! Quando uma pátria garante ensino de qualidade para seus filhos está cumprindo seu papel perante a sociedade. Fora isso, é enganação para conquistar o voto do eleitor. Não se atinge metas de governo com falsas promessas. As ações são mais importantes que os discursos. O cidadão e a cidadã, que têm a responsabilidade de escolher através do voto, precisam selecionar os políticos que caminham em direção as realizações de metas.

A educação como prioridade de governo, consiste na garantia que cada criança tenha as mesmas oportunidades sem descriminação. Aos educadores, que estão lapidando a construção do conhecimento, não pode faltar à valorização de seu trabalho. Através de um piso salarial do magistério, que atenda seu esforço por passar anos cursando uma licenciatura, e dedicar-se a produção do conhecimento. Distante desse proposito trata-se de pregações hipócritas, que servem de pilares para muitos chegarem ao poder.

Não se faz um país independente sem investir no ser humano. Este precisa ocupar a pauta de prioridade das gestões públicas. Trabalhar o indivíduo, aprimorar seus valores, apurar seu conceito de mundo, transforma-lo em pessoas capazes e conscientes, são ações que não podem se distanciar das metas governamentais. Um governo eleito pelo povo tem por obrigação zelar pelos interesses de seus representados. Uma obra de concreto, não pode ter mais valor que uma vida. É inaceitável que se invista bilhões na construção de um aquário, em um Estado de povo carente como é caso do Ceará. E não disponibilize recursos suficientes para garantir, em sua plenitude, o piso nacional dos professores, e um salário justo para policiais que precariamente fazem a segurança da população. Trata-se, sobretudo, de prioridade de governo.

Carlos Eugênio Sombra Moreira

Professor e Escritor

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