O OLHAR

Carlos Eugênio

12//2/07/0

O olhar

Carlos Sombra

Uma rosa não é uma rosa sem o olho que a vê. São as diversas formas de olhar que dá sentido as coisas que vemos. Um jardim pode ser a fonte de inspiração para o poeta compor um belíssimo poema de amor, em louvor de sua amada. Já para um jardineiro, pode não passar de um campo de trabalho, que garante a sobrevivência de sua família. Enquanto para um peregrino, que por ventura venha passar casualmente a sua frente, pode significar a lembrança de sua infância na casa de campo de seus avós.

A vida nunca é da forma que se apresenta aos nossos olhos. Ela vai muito mais além. É o nosso jeito pessoal de olhar a realidade ao redor, que nos determina a concepção das coisas que queremos ver. Essa maneira de vê, desagua nos sentimentos. E é o sentir, que impõe o ritmo de encarar as frustações, anseios e desilusões. Mas, estes também não passam de produtos do olhar. Os olhos é a janela da alma. Através deles transcendem as alegrias, tristezas, raiva e decepções. As emoções são reflexos da focalização do olhar. Portanto, precisamos rever para onde direcionar nossa visão de mundo.

O sofrimento, para alguns, apresenta-se como a forma de purificar o espirito. Através dessa crença, muitos indivíduos conseguem suportar as mais diversas dificuldades - por pior que seja. Enquanto muitos mergulham no universo das lamentações. Outros, já encaram os problemas que surgem no cotidiano, como estimulo para seguir em frente. Fonte de energia para superar as barreiras por mais intransponíveis que possa parecer. Cada ser é individualmente único em sua maneira de olhar a vida. Em suas ações, perspectivas e visão futurista. Até mesmo, no ato de agir perante uma verdade adversa, que momentaneamente possa parecer-lhe inaceitável.

Diante as distintas formas de olhar, não podemos fugir da visão sociocultural que está abandonada em sua essência. Esta consiste na forma de olhar um todo, conciso em uma célula singular. As raízes que prendem a sociedade em suas bases éticas e culturais tornaram-se efêmera. Devido à falta de um direcionamento educacional, pautado no respeito aos profissionais que fazem a educação desse país, e um sistema de ensino-aprendizagem qualificado. O magistério não é profissão cobiçada, aos olhos de quem almeja viver condignamente bem, e alcançar satisfação profissional. Fato que gera preocupação no que diz respeito ao porvir do nosso país.

A sociedade que consegue alcançar uma visão critica dos fatos sociais que insurgem, tem maior possibilidade de enfrentar as situações dentro de um contexto ético e moral. Os gestores públicos precisam direcionar um olhar especial, com projetos políticos sérios no tocante à educação e cultura. A fata de ambas cria um povo sem perspectiva. Em consequência, frágeis nos aspectos psíquicos. Deixando-os refém de traumas que podem levar a patologias de ordem emocional. Ocupar a mente de um povo valorizando os aspectos culturais, científicos e educacionais é criar alicerce para uma vida sadia, no direcionamento de um olhar otimista rumo a um novo amanhecer.

Valorizar a beleza das coisas sem perder o senso da realidade, consiste na atitude de administrar com serenidade as aflições que surgem ao longo da caminhada. Precisamos direcionar o olhar, para o caminho que não nos faça desistir da vida. Viver é primordial! Independente das dificuldades e contradições. Apesar dos preconceitos, das limitações e da incapacidade humana de entender os desígnios da existência. Um beija-flor não suga o néctar das flores apenas porque lhe causa prazer. Ele pratica essa ação para garantir sua sobrevivência. Temos um instinto animal em nossas veias que proporciona o pulsar do sangue. Que cada pulsação venha fazer fluir no cerne, o olhar rumo à felicidade.

Carlos Eugênio Sombra Moreira

Professor e Escritor

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