COLUNISTAS / CARLOS EUGÊNIO

Educação em estado de alerta

Carlos Eugênio

11//2/13/1

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     A educação pública brasileira requer atenção especial. Recentemente foi destaque na imprensa a carência de professores, em diversas escolas do país. Essa triste realidade estaria obrigando alunos, da região Sul e Sudeste, a levarem provas para fazer em casa, pela falta de educadores para assumir as vagas. Enquanto isso, graduação em Licenciatura já não faz parte da quimera dos vestibulandos. Existem motivos para essa apatia a uma profissão tão digna? Sim. Se não existisse, dos três mil efetivados no último concurso público para professor, no estado do Ceará, centenas destes, não teriam abandonado o cargo. Portanto, é notória a constatação que a educação pública demanda cuidados especiais. 


     A lei do piso salarial foi propagada com prenuncio de saldar uma divida histórica com essa classe tão desprestigiada pelos governantes. Pura utopia! O Congresso Nacional aprovou uma lei que não atendeu a expectativa da categoria. Etimologicamente falando, piso é uma derivação regressiva do verbo pisar. Foi exatamente o que ocorreu. Pisaram nos sonhos e esmagaram a esperança dos educadores de cada recanto desse país. Mas, como se já não fosse suficiente, muitos estados e municípios descumprem a determinação da lei, em sua plenitude. E, quando esses profissionais decidem ir à luta para exigir seus direitos, são atropelados pela força do poder governamental. Quem optou pela arte de educar não merece spray de pimenta nos olhos! Caso lastimável ocorrido com os professores na Assembléia Legislativa, em pleno direito de greve garantido pela constituição em vigor.


     Você acredita que educação é prioridade nessa terra de sol nascente e belíssimas praias? Se sua resposta é não, comunga com a minha. Caso contrário, o governo Cid Gomes teria impedido a greve dos professores estaduais. Houve tempo suficiente para encontrar um denominador comum. Atender os anseios da categoria e evitar prejuízos aos alunos, que estão prestes a enfrentar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Os professores reivindicam o cumprimento da lei do Piso Nacional Salarial, que o governador do Ceará, em conjunto com o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, questionam junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), a constitucionalidade da lei. Um impasse que somente traz perdas a estudantes e desestimulo aos professores.


     O tema educação precisa urgentemente sair dos discursos tempestuosos de palanques eleitorais e partir para a prática. Canções propagadas em rede nacional pelo Ministério da Educação, exaltando a importância do professor, não são suficientes para iludir a classe e convencer adeptos a cursar graduação em Licenciatura. É necessário equiparar o salário dos educadores com os de outras categorias de formação acadêmica. Os docentes precisam engajar-se nessa luta. Criar políticas pedagógicas condizentes com nossa realidade também é um caminho a ser tomado. Chega de reproduzir modelos didáticos de outros países. O Brasil vivência um quadro preocupante que demanda reflexão. O momento é de encarar nossa realidade com poucas falácias e mais ações.


     Quais os vestígios da deficiência de uma política educacional? Domínio da criminalidade, império da violência e escravização de jovens e adolescentes no mundo das drogas. Esses sinais já estão batendo em nossa porta. É uma verdade que não pode ser negada. Não se faz uma nação consciente de seus direitos e cumpridora de suas obrigações, sem um sistema educacional pautado na qualidade do ensino e valorização de seus educadores. O magistério precisa ser uma carreira que venha valer a pena financeiramente, para entrar no topo das profissões cobiçadas. Para o economista americano, autor do livro O Novo Brasil e professor emérito da Universidade Columbia, Albert Fishlow, "a forma mais eficiente para conseguir uma melhor e mais justa distribuição de renda é investir na educação”. Na minha concepção, o governante que ainda não despertou para esse fato é porque não tem visão sócio-cultural.   


     Chegou o momento de romper as amarras de paradigmas obsoletos e garantir uma instituição de ensino formadora de cidadãos conscientes. Educar é um árduo oficio que deve ser partilhado entre escola e família. A educação encontra-se em estado de alerta. O sinal vermelho está acionado. Que as autoridades constituídas e a sociedade organizada façam cumprir o papel que lhes cabem, em nome de um porvir traçado pela disseminação cultural. E esta, possa fluir no sorriso de uma criança ao folhear as páginas de um livro, e declamar com glamour um poema que exalta o orgulho de ser brasileiro.   

 

 

Carlos Eugênio Sombra Moreira

Professor e Escritor

Carlos Eugênio

Nasceu em Russas - CE. Graduado em Português Licenciatura Plena pela Universidade Vale do Acaraú; (UVA), Especialista em Ensino da Matemática e Física pela Faculdade Vale do Salgado (FVS). Professor, colunista do Jornal Correio de Russas e da TV Russas.

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