COLUNISTAS / AIRTON MARANHÃO (IN MEMORIAN)

CALVINO MEIO SÉCULO DE OAB/CE

Airton Maranhão (in memorian)

11//2/06/0

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Em Russas, nossa terra natal, nunca foi possível contemplar uma palavra de prestígio ou de aplauso a um dos seus filhos mais respeitado e homenageado por quase meio século por seu  valor, qualidade e fidalga conduta ao que se adequou a diretiva moral e a ética dos profissionais do direito e da norma jurídica do nosso Estado. Que se revelou digne a iniciar como contínuo e a se destacar numa ascensão de trunfos, respeito, estima e cordialidade de um simples agricultor que do egresso da infância pobre, tímido e de pouca leitura,  como o mais antigo e ativo servidor da OAB-CE. Calvino Pereira da Silva, filho de Joaquim Pereira da Silva, mais conhecido por Joaquim Caboclo, casado desde 1968, com a Sra. Francisca Pinheiro da Silva (Erinete), pai de Girlane e Gilberto e avô de dois netos, filhos de Girlane, Fábio Renan e Sandra (Leandra). Calvino nasceu perto da secular casa alpendrada do dentista prático Milton Loiola, à margem do riacho Araibu e da fábrica de Sabão do João Rebouças, onde em seu galpão, lá nos fundos do beco, morava a figura folclórica do Sr. Roque, que nas enchentes do riacho Araibu, botava canoa para atravessar as pessoas à outra margem. Localidade que nos faz lembrar a igreja de Nossa Senhora de Fátima, do fantasmagórico padre Valério, conhecida Igreja da Ponte do riacho Araibu, onde o moleque do Peru se dependurava quando o padre Valério chamava a polícia para prendê-lo. Calvino, ao ser batizado na Igreja Presbiteriana de Russas, em 1944, pelo Reverendo Natanael Cortez, recebeu deste o nome de Calvino, em louvor ao reformador protestante João Calvino, líder da Reforma Protestante em Genebra, na Suíça. Por via desse destino Cavino já nasceu protestante e há 43 anos é membro leigo da Igreja Metodista, fundada pelo Inglês João Wesley, na Inglaterra, em 1738, que aqui no Brasil perdura há 143. No ano de 1950, quando Calvino ainda era criança, seu pai Joaquim Caboclo vendeu tudo que possuía e foi morar em Fortaleza numa vida difícil e estranha. Logo retornou a Russas para trabalhar no Campo de Agricultura do Governo Federal, onde Calvino ainda menino trabalhou como agricultor. Pela manhã cuidava do gado quando pastava, e a tarde pastorava o arroz como uma espécie de espantalho ambulante para afugentar os pássaros. Morando no mencionado galpão da fábrica de sabão do João Rebouças, à margem do Araibu, rápido a sua família se estabeleceu economicamente. Em 1954, Joaquim Caboclo foi designado pelo chefe do Campo de Agricultura, o agrônomo Wagner, a pedido do candidato a Governo do Estado do Ceará, Dr. Armando Falcão, em Fortaleza, para trabalhar na sua campanha eleitoral. Armando Falcão perdeu as eleições, mas deixou Joaquim Caboclo empregado na Fábrica Santa Cecília, grandiosa indústria de tecidos, que o fez trazer toda a família para residir definitivamente em Fortaleza. Calvino morando na capital, desde o dia 01 de agosto de 1962, passou a trabalhar como contínuo da OAB-CE, sendo contratado na secção cearense pelo presidente Roberto Martins Rodrigues, atendendo ao pedido da Sra. Milza Loiola, nossa conterrânea que era servidora da OAB/CE. Considerado como o mais antigo e ativo servidor daquela corporação, iniciando como contínuo, ocupando os diversos cargos administrativos de porteiro, operador de mimeógrafo, auxiliar administrativo e agente administrativo, exercendo o seu ofício em todos os setores da OAB-CEARÁ, ocupando atualmente a função de gerente geral, pontuando a sua presença em todas as 36 diretorias da história da OAB, servindo a 23 e vivenciando 22 eleições para o Conselho Seccional da OAB, sendo a eleição para preenchimento da vaga de desembargador (quinto constitucional) do Tribunal de Justiça do Ceará, com o nome escolhido do Dr. Raul Araújo Filho, considerada como a mais histórica, por conhecer o douto desembargador desde muito jovem quando o mesmo ainda era estudante de direito, conhecendo ainda os 20 presidentes, embora tenham exercido mais de um cargo. Calvino além de ser homenageado pelo jornal O Povo, “Calvino é Uma Viga da OAB”,1994, pela Câmara Municipal de Fortaleza, através do vereador José Maria Pontes, do Partido dos Trabalhadores, com Votos de Congratulações, recebeu o troféu de “Honra ao Mérito”, 2002, escreveu a História da Caixa de Assistência dos Advogados do Ceará – CAACE, 2004, homenageado pela Revista Leis e Letras, “História Viva da Ordem no Ceará”, 2006, pelo jornal Tribuna do Advogado, “Entrevista”, 2007, recebeu do evento Direito 2008, TROFÉU CLÓVIS BEVILÁQUA, pelos relevantes serviços prestados à cultura jurídica brasileira, 2008, e por último foi homenageado pela Conferência dos Advogados Cearenses, Inauguração do Memorial da OAB, como organizador, 2011. Esse  nosso extraordinário russanos ainda como colecionador da sétima arte, possui uma incontável coleção de filmes, em DVDs, incluindo os grandes e inesquecíveis clássicos dos cinema mudo, como: No Tempo das Diligências, A Última Carroça, Casa Blanca, E O Vento Levou, Gilda e outros. Além de memoráveis revistas antigas em quadrinhos. E para melhor entender o Calvino, como disse o filósofo Arthur Schopenhauer “A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende.” O mesmo ainda possui uma considerável coleção de música, que é arte de todas as artes, composta de CDs e vários LPs (vinil). Mestre Calvino, por todo povo russano, confiro este artigo à memória dos serviços prestados a cultura jurídica brasileira e aos 50 anos de procedimento de exemplar honraria à Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Estado do Ceará.

 

Airton Maranhão
Advogado e Escritor
Membro da Academia Russana de Cultura e Arte – ARCA

Airton Maranhão (in memorian)

.Originário de Russas – CE. Formado em Direito pela Universidade de Fortaleza – Unifor, advogado militante da Comarca de Fortaleza, e romancista. Livros publicados: Deusurubu, Admirável Povo de São Bernardo das Éguas Ruças. Romances: A Dança da Caipora, Os Mortos Não Querem Volta e O Hóspede das Eras. Membro da ARCA – Academia Russana de Cultura e Arte.

Airton Maranhão (in memorian)

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