COLUNISTAS / AIRTON MARANHÃO (IN MEMORIAN)

GINÁSIO JAGUARIBANO DE RUSSAS

Airton Maranhão (in memorian)

11//2/21/0

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            Existe pessoa neste mundo que nasce sem ter infância e cresce sem passar pela adolescência, e como assexuado, inexplicável, torna-se padre para ver se encontra um sentido para a vida. Foi o caso do padre Pedro de Alcântara Araújo, natural de Granja - Ce, que como Vigário da Paróquia de N. Senhora do Rosário, de Russas, permaneceu por 40 anos causando um dos maiores atrasos de todos os tempos em nossa cidade. Para mostrar um dos seus atos de crueldade e desprezo ao povo russano, ele se entregava de corpo e alma aos próprios traumas sem conseguir reprimi-los, se não fosse com seus tratamentos e ensinos nazistas, como assumia o sistema ditatório do nazismo alemão. Esse talento, que lhe era inato, revelou-se logo na década de 50, quando o mesmo passou a ser o diretor do Ginásio Jaguaribano, guiando os alunos com estilo de funcionamento copiado dos ginásios existentes na Alemanha Nazista, onde concluiu os seus estudos. De tal forma que o sistema do Ginásio Jaguaribano era mantido com base na organização da hierarquia militar alemã. Os alunos da 1ª a 5ª série do primário, esses, obrigatoriamente, tinham que usar farda cor cinza e eram considerados alunos civis. Da 1ª a 2ª série ginasial, a farda era cáqui, e esses alunos eram taxados de policiais do ginásio, que vigiavam tudo, conforme os regulamentos ditatoriais do vigário. Da 3ª a 4ª série ginasial, os alunos usavam uma farda verde oliva e eram os que exerciam os cargos de delegados e decidiam as questões disciplinares, transmitindo poderes de delegado de polícia, que prendiam e faziam interrogatório. Para provar que o padre Pedro tinha um perfil de nazista e ditador, dentro do próprio ginásio, existia uma cela com gradis, fechada com cadeado e tudo, assim como das cadeias públicas. E aquela cela tinha o apelido xilindró, na qual os alunos eram recolhidos, como presos por infrações cometidas. Numa dessas prisões ocorreu que o menor Valter, filho do Raimundo Maia, que cometeu uma indisciplina e foi preso na cela, e quando pelas 21h00 horas, e nada de Valter chegar em casa, seu pai, Raimundo Maia, foi atrás do filho e perguntou ao vigário, diretor daquela instituição: “Padre Pedro, cadê meu filho Valter, até essa hora da noite ainda não chegou em casa?” O vigário, com sua autoridade nazista, simplesmente respondeu: “Ele está preso.” Raimundo Maia, indagou: “Preso?” E o padre respondeu: “Sim!” Raimundo Maia retrucou: “Mas eu botei o meu filho aqui foi para estudar e não para ficar preso, e aqui não é quartel é um ginásio, quero o meu filho Valter solto agora mesmo.” Daí o padre Pedro soltou Valter, mas pagou um preço alto por seu espírito nazista. Ainda mais, temos o episódio de Elionilto, filho do coletor estadual à época, o Sr. Zequinha Feitosa, que foi preso por ordem do vigário no xilindró do ginásio Jaguraibano, e que só por volta das 20h00, Elionilto arrebentou as grades da cela e correu para casa, denunciando ao coletor. Com a chegada do Padre Cabral, para ser o diretor do Ginásio Jaguaribano, considerado na região como o maior educador de todos os tempos, com memoráveis mudanças na educação russana, inovando a forma de ensino, aumentou o conhecimento de seus alunos que cada vez mais lhe admiravam pela genialidade. Primeiramente, chamava-se Ateneu São Bernardo, em 1937, só assim, o Ginásio Jaguaribano de 1946, deixou de ser um quartel, com a extinção da cela xilindró e dos procedimentos do nazismo ali aplicados pelo padre Pedro de Alcântara. E  a partir de 1958,  passou a se chamar Ginásio Estadual Governador Flávio Marcílio, que amanhã dia 20/04/2011, completará 74 anos de existência.


Airton Maranhão
Advogado e Escritor 
Membro da Academia Russana de Cultura e Arte - ARCA

Airton Maranhão (in memorian)

.Originário de Russas – CE. Formado em Direito pela Universidade de Fortaleza – Unifor, advogado militante da Comarca de Fortaleza, e romancista. Livros publicados: Deusurubu, Admirável Povo de São Bernardo das Éguas Ruças. Romances: A Dança da Caipora, Os Mortos Não Querem Volta e O Hóspede das Eras. Membro da ARCA – Academia Russana de Cultura e Arte.

Airton Maranhão (in memorian)

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