COLUNISTAS / AIRTON MARANHÃO (IN MEMORIAN)

MAGISTRAL CHICLETES

Airton Maranhão (in memorian)

11//2/21/0

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Com toda modéstia me sinto honrado de ter sido aluno e amigo de uma das mais celebradas figuras humanas, talentosas, verdadeiras e simples que já conheci. Falo do mestre dos conhecimentos inatos que iluminava a todos com o dom desconhecido do futuro com aprendizados, disciplinas, ordem e respeito, que veio a surgir em Russas, vindo de sua terra natal, Quixadá, composto da árvore genealógica da perfeição, até do gesto, do andar e da fala como um maestro a mover a mão na regência de uma orquestra de fidelidade, honra e amor a tudo que fazia. Resultado de uma evolução que começou com a personalidade forte, que a fez impulsionar sua memória fotográfica como educador e professor, com profundo convencimento na oratória profissional que o levou à Tribuna do Júri, em defesa dos clientes, atuando como advogado criminalista, na comarca cearense. Homem de honestidade inigualável, tanto na convivência pessoal como dentro do esporte, de genialidade peculiar. E o conheci quando estudava no Colégio Estadual Governador Flávio Marcílio, do diretor e professor Padre Cabral, esse gênio inigualável, trata-se de Francisco Assis por Deus Furtado, conhecido como Chicletes, jogador, árbitro de futebol, técnico, fisicultor, professor de educação física na Unifor, radialista, comentarista de futebol, no Programa “Tabelinha de Fogo” dirigindo a equipe da Ceará Rádio Clube, escritor, autor do livro do torcedor brasileiro: “Futebol da Favela à Universidade”. Professor Assis Furtado com o seu dom de ensinar foi logo reconhecido e convidado pelo Grupo Edson Queiroz, em 1972, para ser Prefeito da Unifor. Mesmo como professor de educação física, foi aluno e formou-se em Direito, professor com graduação e pós-graduação. Chegando a dirigir a Divisão de Atividades Desportivas (DAD), exercendo ainda a Supervisão do Parque Esportivo (SPS), tornando-se um verdadeiro baluarte para o crescimento daquela universidade, que com trinta anos de Grupo Edson Queiroz, vinte e oito anos de Universidade de Fortaleza, com centenas de homenagens foi agraciado com a Medalha Chanceler Edson Queiroz, comenda da qual muito se orgulhava. Lembro que numa certa manhã de sábado, no mês de fevereiro de 1975, recebi um telefonema do Chiclete me perguntando se eu queria fazer um teste para trabalhar na Unifor, fiz o teste de escriturário, passei e lá trabalhei por vários anos, estudei e conclui o curso de direito e me formei em advogado naquela universidade. Lá também fui Premiado no Concurso Literário de Poesia, com o 1º lugar promovido pela Universidade de Fortaleza / Fundação Educacional Edson Queiroz (1976), com o Chanceler Edson Queiroz me concedendo bolsa de estudo até me formar. Existe uma coisa que eu não poderia deixar passar em branco, mesmo com todo respeito, sofrimento e a privacidade da família e ao nosso saudoso professor Assis Furtado (in memoriam). Uma tarde, ele me ligou dizendo que iria passar aqui no meu escritório e que eu o aguardasse como sem falta. Ele chegou com o mesmo sorriso e espontaneidade, me deu um abraço muito forte, convidei-o para sentar ao que me disse ainda em pé: “Fui dispensado da Unifor.” Fiquei pasmado. Foi a primeira vez que vi o professor Assis Furtado, triste. Profundamente triste. Lembro-me ainda quando exibiu aquela inesquecível tristeza com os olhos cheios de lágrimas. E disse com a voz embargada: “Fui dispensado sem justa causa da Unifor, após 28 anos de dedicação ininterrupta, sem nunca sequer tirar uma férias. Eu só queria saber pelo menos o motivo.” Fiquei sem palavras, ele apertou a minha mão, perguntou por Russas e partiu. Eu não entendi porque tamanha ingratidão para quem fez a Unifor crescer por todos os ângulos e o Grupo Edson Queiroz não prestou sequer uma homenagem ao professor Assis Furtado, e nem mesmo “um adeus”, como disse ele. Mas sei que na outra esfera o Chanceler Edson Queiroz reconhece tudo que fez o memorável Francisco Assis por Deus Furtado. Meu eterno amigo, descanse em paz.

 
Airton Maranhão
Advogado e Escritor

Membro da Academia Russana de Cultura e Arte - ARCA
               

Airton Maranhão (in memorian)

.Originário de Russas – CE. Formado em Direito pela Universidade de Fortaleza – Unifor, advogado militante da Comarca de Fortaleza, e romancista. Livros publicados: Deusurubu, Admirável Povo de São Bernardo das Éguas Ruças. Romances: A Dança da Caipora, Os Mortos Não Querem Volta e O Hóspede das Eras. Membro da ARCA – Academia Russana de Cultura e Arte.

Airton Maranhão (in memorian)

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