LAILSON PINTO

Airton Maranhão (in memorian)

11//2/21/0

O divino nos dá a invisível maleabilidade das mais diversas funções para se praticar na vida, mas o dom de jogar futebol, somente a quem acende a luz dos predestinados. Fracisco Lailson Pinto, além de instrutor técnico, educador e professor, com essa luz nos jogos de futebol e sinuca, aspecto primordial de sua personalidade, utilizava todos os sentidos do raciocínio com jogadas de criatividade e sabedoria. Com rara inteligência nesse esporte, Pinto enxergava mais que qualquer campeão do taco de ouro, muito além dos quase imbatíveis jogadores de sinuca, Pedro Bezerra e os irmãos Maia e de futebol, Benone, Barbosa e Calabar. O encanto com a bola, o bate-papo com os amigos, as farras intermináveis e tacadas certeiras, pautavam sua conduta de particularidade, e em tudo que fazia, com atenção, aplicação e perfeição, parecia geneticamente ser lhe reservado. Só chutava a gol quando tinha a certeza de balançar a rede. Só tacava no intuito de buscar a aposta na caçapa. Assim como um entusiasta da bela pontaria do taco e do malabarismo com a bola, Lailson Pinto nasceu revestido de todos os atributos de um campeão de sinuca e de um grande jogador de futebol. Com todas as láureas de um artista meticuloso no respeito instintivo da garra, genialidade e aptidão pelas jogadas de belíssimas feituras. E especulado pelos grandes clubes do país, pelos dribles da posteridade, com o seu jeito de malandro, sem saber adestrar a boemia, com os compromissos de moderação e discórdia, perdeu todas as sequências dos trunfos do seu belíssimo futebol. Russas até hoje se exulta do áureo tempo dos velhos campeonatos municipais das tardes e noites no Colégio Estadual Governador Flávio Marcílio, onde o seu diretor e professor Padre Cabral, abrilhantou a sua grande participação na educação russana, juntamente com o professor Assis Furtado, nosso queridíssimo Chicletes. Naquela quadra de espetáculo olímpico, Pinto deleitava o brilhantismo do futsal a impressionar o público, não só com o seu futebol espetacular, mas também com respeito, aplausos e talento vibrante nos meios estudantinos naquela praça de esporte, que fazia conclamar a todos, as alegrias esportivas, para quem deveria ter tido grafado o seu nome na história daquele ginásio, que hoje, como Ginásio Raimundo Pelópidas, leva o discrepante nome de um guarda de trânsito, que nunca deu um chute numa bola. Louvando-me a essa crítica, o povo russano se envergonha com a falta de senso social, educacional e moral, do então prefeito da época, por despeito à memória do nosso futebol e do craque Lailson Pinto, discípulo e mestre que engrandeceu a nossa cidade, com o irrecusável crédito de um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos. Lembro-me bem do saudoso Paulino Rocha, com a sua impressionante eloquência e cultura futebolística, vendo o Pinto jogar o amistoso entre Russas e Ferroviário, e através de uma jogada brilhante, no término do jogo, no lustro da ovação de todos os presentes, o fabuloso russano foi presenteado pelo grande cronista do estrelato do Estado do Ceará, com todas as pompas que merece um craque de bola. Mas com todo desapreço injusto ao fenomenal craque que não teve merecido o seu nome no Ginásio Esportivo do Colégio Estadual Governador Flávio Marcílio, pelo menos existe em sua homenagem a Rua Lailson Pinto, no Bairro Vila Gonçalves, como exclusão ao estádio que poderia abrilhantar a sua fama.

Airton Maranhão
Advogado e Escritor

Membro da Academia Russana de Cultura e Arte – ARCA

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