Passeatas - Festas da democracia

Tem de tudo que incomoda: barulhos ensurdecedores de gritos, de buzinas, de fogos que explodem no ar e de sons ampliados estourando tímpanos. Tem bagunça e bêbados sim. Tem os que votam e os que não votam, mas participam, dão uma espiadinha e dali até formam a sua opinião sobre em quem votar. Tem até adversários infiltrados para ver se a passeata do seu candidato foi ou será maior e mais festiva do que a que está passando. Alguns políticos que querem apenas aparecer numa tentativa de mostrar que ainda estão no poder e esquecem que o mesmo é efêmero e que não foram lá bons exemplos, sabemos disso. Tem vereadores que tentam mais uma vez se reeleger, mesmo aqueles que nada fizeram pelo povo ou que são reconhecidos como tapiocas ou capachos de prefeito. Tem outra multidão a dos que se amontoam nas calçadas para vaiar e os que se recolhem e aumentam o som da TV enquanto a caravana prossegue. Tem bicicletas que empinam rodas dianteiras e motos também. Descargas que alteradas dão o tom de desafio às autoridades que, presentes, a tudo assistem e de certa forma são complacentes  para que mesmo com a desordem momentânea se tenha uma mínima ordem suportável. Os excessos dos excessos serão devidamente apurados oportunamente e nos rigores da lei.

 

Mas tudo é festa e prepondera o lado bom. Tem alegria contagiante. É impressionante como se percebe no semblante dos participantes como que dissessem: “Agora é a nossa vez!”, e sorriem, cumprimentam, abraçam e beijam. Pretos, brancos e pardos. Ricos, pobres e remediados. Não se sabe de onde arrancam tanto ânimo. Mulheres, homens e crianças que se confraternizam e fazem a festa popular. Tem os tradicionais políticos que sorriem entre a multidão eufórica enquanto são, em reconhecimento, abraçados e até beijados. Tem os aspirantes a cargo político – vereador - calouros e aventureiros, com chances ou não, mas que exercem o seu direito democrático de participar do processo político de sua cidade. Ainda bem que tem tudo isso! É sinal que temos Democracia, ainda que não a ideal pela qual lutamos e um dia alcançaremos, mas que já sentimos o seu ar purificador e edificante!

 

Paralelamente, em outra esfera longe daqui, temos, em uma oportunidade ímpar, uma Suprema Corte - o Supremo Tribunal Federal, na tentativa de passar o Brasil a limpo. Tomara que consiga e mude a história política deste país.

 

Passeemos então e façamos a festa, mas sem descuidarmos do nosso maior e real propósito que é o de passar também Russas a limpo e com apenas uma atitude bem mais simples: O VOTO CONSCIENTE, não negociado a troco de migalhas e esmolas que só corrompem. Ordeiras e alegres festas democráticas!

 

 

José HILDEBERTO Jamacaru de AQUINO

hildebertoaquino@yahoo.com.br

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